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Trabalho da Mariana

24 de abr. de 2009

Texto de Mariana Rezende Pizarro

Agora, só em fotos

Com um final superpositivo, a turma de formandos de 2008 deixa o Colégio Militar de Brasília. Apesar de metade da série já ter saído ao fim do primeiro semestre, a despedida que valeu foi com certeza só depois da habitual jogada das boinas!


Os sofridos anos de estudos no famoso Colégio Militar finalmente chegaram ao fim! Na sua comemoração de 30 anos de aniversário, mais de 500 estudantes se formaram, muitos destes com vagas já garantidas para várias faculdades em todo o Brasil. A escolha da festa da formatura ser no Marina Hall foi definitivamente uma quebra com o tradicional Clube do Exército, mas parece ter agradado aos agora ex-alunos.

De acordo com Mariana Pizarro, que estudou lá desde sua 5ª série do ensino fundamental, ainda não se pode falar de saudades, mas uma coisa é garantida: foram sete anos que irão marcar para a vida toda. “Todo mundo gosta de algumas coisas e odeia outras em seus colégios, não era diferente no CMB, mas por ter aquela disciplina mais rígida, o pessoal costuma exagerar na parte ruim mesmo. Eu, por exemplo, não agüentava mais aquilo lá, apesar de ter gostado e tudo o mais, já estava saturado, sem contar que a rotina militar é bem pesada. Meus amigos antes mesmo de saírem já falavam de saudades, eu só consigo pensar em alívio”, diz.

Para o público de fora, o colégio realmente parece ser bem mais assustador ou ter uma visão distorcida do que realmente é e para sentir de verdade o que acontece lá dentro, só sendo aluno. Perguntei que tipo de ‘rotina pesada’ era aquela e ela respondeu que havia revistas nos uniformes, sapatos, unhas e inclusive maquiagem quase todos os dias! Frescura para alguns, mas não existe outro modo de manter estudantes entre as idades mais rebeldes em uniformidade e, aparentemente, comportados.

“Não, não é bem assim”, contou Mariana, rindo. “É incrível que quando você fala ‘Colégio Militar’ as pessoas ficam tensas, meio rígidas, mas não é nada disso, não somos um bando de robôs sem personalidade muito menos um bando de revolucionários em algum tipo de campo de reeducação. Somos alunos normais, como em qualquer outro colégio, só que com um uniforme menos confortável”.

Ainda em nossa conversa, Mariana destaca algumas das pérolas de seu ensino médio. “Sempre fui uma aluna puxa-saco e aplicada, até porque meus pais trabalham lá, então eu tinha que manter essa impressão de boa menina, mas é claro que nas encobertas sempre rolavam apelidos pros professores e altos bilhetinhos! No 2º ano nas aulas duplas de matemática, eu e mais cinco amigos ocupávamos a 2ª carteira de todas as fileiras e ficávamos escrevendo besteiras e falando mal dos outros, era divertidíssimo. Eu lembro que tinha uma professora de redação mais gordinha e com o cabelo pintado, nós a chamávamos de ‘Senhora Puffy’ por causa do desenho do Bob Esponja. E tinha um professor de biologia que costumávamos titular de Betina Botox, acho que já dá pra imaginar o porquê. Mas o mais engraçado mesmo eram as V.I.s, ou, para quem é de fora, verificações imediatas, que são como testes surpresa que fazíamos de todas as matérias todas as semanas. Era só cola, e direto. Eu não participava da maioria, mas tenho que admitir que sempre deixava a folha mais pro lado do meu amigo que copiava tudo e ainda dizia depois que tirou dez por ter se matado de estudar”.

Para os alunos que saíram é um choque. “Sempre antes de uma aula começar, o chefe da turma pedia para que todos levantassem para que ele pudesse apresentar a turma para o professor. Hoje em dia, quando um professor entra na sala da universidade eu tenho que me segurar para não levantar.”

Esse embate cultural, como assim podemos chamar, também ocorre com os alunos que entram na escola militar, mantendo assim a continuidade do ciclo por longos sete anos, até que sua vez de lançar as boinas chegue.

postado por Comunicação e Universidade - 19:56