Trabalho do Augusto
Texto de Augusto Kneipp Guimaraes do Valle
Vida escolar?
Minha vida escolar foi bastante conturbada. Não foi um bullying exagerado por Hollywood, mas foi digno de “Meninas Malvadas”. Primeiro que sempre fui daqueles gordinhos estranhos que achava mais fácil fazer amizade com meninas do que com meninos, aí era taxado de “viadinho chupeta-de-baleia”.
Aquilo para uma criança de 10 anos não era muito agradável, se assim posso dizer. Ficava depressivo e chorava muito, consequentemente fazendo meus familiares sofrerem junto comigo. Minha pior fase foi na sétima série do ensino fundamental. Na época, estudava no Stella Maris e era completamente excluído socialmente. Poucas pessoas falavam comigo, e isso faziam por sentir pena do gordinho solitário.
Não aguentando mais tanto desprezo, e tendo alguns amigos de fora que estudavam no Leonardo da Vinci, pedi para mudar de escola na oitava serie e acabei indo pra lá. Minha vida mudou completamente. Ainda era gordinho e, sinto dizer caras colegas interessadas, um “viadinho”, mas não ligava mais para o que os outros achavam e falavam de mim. Era outra pessoa: tinha amigos, era desinibido, e em paz comigo mesmo.
No final do primeiro ano, tudo melhorou para mim. Começou com uma doença onde não conseguia comer nada e isso resultou num emagrecimento rápido. Estava muito feliz com tudo isso, começar o segundo ano do ensino médio mais magro e com um piercing no lábio. Eu tinha visto que ficar sem comer fazia emagrecer! Pode parecer óbvio, mas para mim era um achado magnífico. Ficava dias sem comer. Fazia apostinhas comigo mesmo, pra ver qual o maior tempo que ficava sem colocar um pedaço de comida na boca. Aprendi a esconder isso e pouca gente sabia. Era muito fácil, rápido e prazeroso, até que comecei a passar mal. Logo perceberam e tive que procurar uma nova tática. Ainda não a encontrei, mas um dia descubro.
O terceiro ano, eu achei que seria o ano da minha vida. Sabe aquela coisa bem High School Musical? Pois é. Não foi daquele jeito. Meu colegas de ano era todos uns porcos nojentos que só pensavam em si mesmos, e por essa causa criei muitos amigos no primeiro e no segundo ano. Claro que eu tinha meus amigos do terceirão, que ainda estão firme e fortes ao meu lado e que, se depender de mim, ficaram comigo para sempre.
Assim chegou o fim de ano, aquela esperança de passar para a UnB, aquela tristeza por deixar a certeza do Ensino Médio e tudo que aprendemos lá. Mas foi só. A única coisa que eu ainda idealizava e colocava num pedestal era minha formatura e eu simplesmente a odiei. Se não posse pelo simples fato de estar com poucas pessoas que me fizeram feliz, preferiria ter ficado em casa lendo um bom livro.
Depois de tudo isso veio a tensão pelo resultado do Pas. Uma semana inteira com o pior humor que uma pessoa pode ter, dando “patada” em todos, até que eu vi meu nome na lista de aprovados. Tranquei-me no banheiro e chorei. Não acreditava que todos aqueles anos de esforços quase intensos e um semestre de cursinho tinham me levado a essa vitória.
Agora estou aqui na UnB, escrevendo sobre minha vida escolar. O que dizer? Bom, o que me disseram é que eu sentiria falta dessa vida passada no instante que saísse dela. Até agora, posso jurar para todos vocês que não sinto. E tenho a ligeira impressão que nunca vou nem ter a mínima saudades daquele “Comunicação e Universidade” que era a escola para mim.